segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Jesus é a luz da vida!

“Graças ao misericordioso coração do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz.” (Lc 1:78-79)


O caráter respeitável do sol, sua importância fundamental para a vida e especialmente para a agricultura explicam a adoração quase universal do astro nas sociedades originárias. Daí podemos compreender as festividades acerca da chegada das estações do verão - quando os dias são maiores e sol é mais quente e, portanto, a germinação é mais fecunda - e do inverno - quando as colheitas abundantes acabaram e todos agradecem ao “astro rei” pela fertilidade e descanso.


Essas festas continuaram com o crescimento das sociedades cosmopolitas. As identidades religiosas as re-significaram com os mais diferentes temas e a tradição cristã levou ao mundo a comemoração do nascimento de Jesus em uma dessas datas.  


A Bíblia Sagrada nos ensina que o sol governa o dia (Gn 1:16). A tradição grega (espalhada pelo mundo com o apóstolo São Paulo) nos ensina que, em grego, hélios (sol) refere-se à excelência e força, mas também está ligado com a justiça. 


Assim, associar o nascimento de Jesus à festa do sol (solstício no hemisfério norte, onde nasceu o cristianismo) implica em reconhece-lO como aquele que é excelente, forte e nos governa com justiça, mas também aquele que germina as sementes e produz frutos em abundância.


Para nós, cristãos, Jesus é a ação reveladora de Deus para a humanidade que outrora estava triste, afastada do amor, presa à lei e a preconceitos que provocavam exclusão, exploração e morte. Jesus é o sol que brilha, trazendo justiça e paz aos seres humanos a quem Ele quer bem.


Neste natal de 2016 não podemos nos esquivar de perguntar de qual realidade nossa sociedade globalizada e cada um de nós, individualmente, estamos mais próximos: da comunidade distante do amor e cuidado com o próximo que provoca morte ou daquela que acolhe, cuida, ama e dispõe a vida para permitir que Jesus seja a luz e o calor necessários a fim de germinar nossas sementes para o nascimento dos frutos?


As mãos do Deus trino (mãe/pai, filho e espírito) são as nossas mãos e Ele espera que as estendamos ao próximo e à próxima para que Sua bênção seja compartilhada. Esse chamado é tão urgente quanto o ar para @ afogad@, a comida para @ famint@ ou a esperança para @ desesperad@.


Que neste Natal possamos refletir qual tem sido nosso papel na importante tarefa de cuidado com a criação de Deus. Meu desejo é que possamos concluir que sem a luz e o calor de Jesus, os frutos não podem ser germinados e vida perde sua dimensão alegre e festiva na grande comunidade que é o nosso planeta.


Daniela Leão Siqueira

 

 

 

terça-feira, 31 de maio de 2016

"Não ensinem as meninas a não serem estupradas. Ensinem os meninos a não estuprarem!"

Recentemente são várias as publicações de opiniões a cerca do caso de estupro coletivo cometido por mais de 30 rapazes contra uma menina de 16 anos no subúrbio do Rio de Janeiro. Essa é apenas mais uma delas.

O caso teve uma repercussão nacional: moções no Senado, na Câmara dos Deputados, ações do ministro interino da justiça, manifestações populares... Mal estamos conseguindo expressar nossa a indignação social com a exposição midiática do ocorrido e vamos sendo "atualizados"com mais notícias de casos análogos pelo país, pelo mundo.  Mas minha indignação não tem fim: em todos os casos, muitos ainda culpabilizam as vítimas! 

Tamanha barbaridade me provocou uma sensação de torpor, como se as vítimas fôssemos eu, minha irmã, minha filha ou uma das mulheres próximas a mim. Então me dei conta de que é isso mesmo: todas nós, mulheres, somos violentadas em casos de estupro; é um crime contra a condição feminina.

Acompanhando a cobertura desse crime pela internet chamou minha atenção o cartaz de uma manifestante onde estava escrito: "Não ensinem as meninas a não serem estupradas. Ensinem os meninos a não estuprarem!" 

É isso! Argumentos do tipo: "Mas em baile funk é isso o que acontece.", "Mas ela já tinha uma vida sexual ativa.", "Mas ela provocou.", "Também, ela procurou." "Deu mole, os caras caem em cima mesmo."etc etc etc não passam de discussões morais superficiais, frases replicadas sem consciência pelo senso comum. 

O problema é tão mais intrínseco que às vezes nem o percebemos: as mulheres são vistas como propriedade dos homens, como bens passíveis de serem apropriados da maneira que os prouver! Participamos de um sistema estruturado na cultura do umas nascem para servir, outros, para serem servidos e raramente nos opomos a isso. Muitas e muitas vezes replicamos esse padrão machista na educação de nossas proles. No final, todos somos responsáveis e a mudança deve, necessariamente, passar por nós.

Discutirmos a moralidade do comportamento de vítimas de estupro é querermos impor-lhes um padrão viciado de certo x errado com a convicção de que elas não têm autonomia suficiente para escolher o que desejam fazer com sua vida e com seu corpo no espaço em que estão inseridas.

A inversão da condição de vítima à condição de culpada e responsável pelo abuso sexual é tão perverso que impede a reflexão e culpabilização da conduta do agressor: ele será sempre inocentado. É como se o "comportamento certo" livrasse a mulher da violência e o "comportamento errado" justificasse a prática violenta.  

É preciso ter em mente que jamais podemos considerar que uma vítima de estupro tem culpa pelo crime! Em hipótese alguma, seja qual for sua conduta.

Meninas têm o direito de irem a bailes funk, de usar saia curta com top, de andarem sem calcinha na rua, de serem sensuais, de usarem maquiagem excessiva, de transarem apenas se tiverem vontade... enfim, de fazerem o que bem entenderem. E os meninos têm que aceitar isso! Precisam ser educados para respeitarem esse direito!

Meninos precisam aprender que meninas não estão no mundo para servi-los e, portanto, que eles não podem vê-las como um bem do qual possam se apropriar, seja com ou sem o seu consentimento. Meninos e meninas precisam ser educados para compartilhar a vida, com direitos e obrigações equitativas, respeitando a individualidade de cada ser humano.

Então, eduquemos nossos meninos a não estuprarem e nossas meninas a serem livres!!!