sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Desafio para 2022

Ruah divina
Quando me coloco em contemplação da tua Criação, fico maravilhada com tanta criatividade e tanto amor aos detalhes. O teu sopro de vida é verdadeiramente livre e vai para onde quer.

A tua natureza fecunda não pára de gerar vida a nos impressionar e animar, mesmo em meio a tantos sinais de morte.

Até a erva que é queimada deixa sementes que darão testemunho da existência às futuras gerações!

Ruah divina, continua a soprar sobre nossas vidas, reanima nossos corpos.

Muitas de nós estamos com os corpos e as mentes doentes. Umas tombaram dignamente na luta, outras estão em vias de tombarem e, outras tantas, desejosas de desistir.

São tantas as situações de violência que nos cercam que estamos fencendo, desbotando, perdendo o vigor.

Por isso te peço, Ruah, sopra renovo. Sopra vida, cor. Sopra viço sobre nós. Que as histórias de nossas antepassadas nos inspirem.

Permita, Ruah, que as sementes delas sejam regadas por nós para que, no momento certo, dêem frutos.

Fortalece-nos, Ruah para que, a partir do exemplo de Jesus, possamos respeitar e aprender com cada luta. Que reconheçamos cada vida como fecundada pelo Teu útero e importante para Ti.

Nos despedimos, simbolica e cronologicamente, de mais um ano. Tudo não passa de uma codificação humana, ainda necessária para nossa orientação.

Nesse tempo de reflexão, nos deparamos com a dura realidade do quanto estamos apegadas às estruturas socio culturais que rotulam e encaixotam a Tua criação em gêneros, raças, classes, esteriótipos...

Toda essa organização humana que fizemos há milênios domina nosso inconsciente e nos organiza estruturalmente, antes mesmo de conseguirmos processar qualquer linguagem. É essa organização que dita o espírito que nos orienta e a potestade à qual somos acorrentadas.

Essa análise mais profunda nos impele a compreender que tal forma de organizar e gerir a vida nos leva a ter atitudes de morte e nos acorrenta nesse lugar de "ter que matar para não ser morta". E quanta dor advém dessa compreensão!

Dor de perceber que também rotulamos e encaixotamos a tua Criação quando, na verdade, só precisaríamos contemplá-la e desfrutar dela.

Mas não sabemos viver assim. Eu não sei viver assim...

Por isso, te peço Ruah, a começar por mim, ajuda-me a reconhecer modelos construídos para promover violências e provocar morte ou sinais de morte antes que eles produzam reações de aversão pelo meu corpo. Ajuda-me a construir novos paradigmas e ordenar minhas ações para promoverem vida. Ruah divina, não quero reagir de forma a rejeitar nenhuma vida fecundada por ti!

Esse é o desafio que me coloco para 2022: lutar contra o espírito de ameaça à vida e a potestade geradora de violências que me impedem de viver a espiritualidade proposta por Jesus de Nazaré: o homem preto e pobre, nascido de Maria, mulher forte e corajosa.

Que a Ruah sopre e nos una, se esse for o seu desafio pra o próximo ano também.

Dani Leão
Mulher EIG em SP