quarta-feira, 17 de abril de 2019

Ele ressuscitou!!


Nos tempos antigos, em que o povo de Deus estava cativo no Egito, sofrendo as dores da escravidão imposta pelo faraó, Deus, ouvindo o clamor do Seu povo, libertou-o. Desde então, comemorar a Páscoa era celebrar a liberdade deste povo. Em hebraico, Páscoa significa passagem.

Doze séculos depois, novamente o povo de Deus ficou cativo, agora pelo Império Romano (que impingia cobranças de impostos abusivos) e pelas leis do Templo (que regulamentava os pormenores da vida cotidiana). Tais práticas impediam e restringiam a vida. Por isso Deus, ouvindo o clamor do Seu povo, agora envia o Seu filho: Jesus.

Mas, diferente da libertação do Egito, a liberdade que Jesus nos trouxe foi a liberdade da servidão. Contraditoriamente, estar livre para o cristão e a cristã não é simplesmente deixar de ter seu corpo escravizado, mas sim estar livre para imitar as atitudes de Jesus. 

Enquanto a lei judaica da época romana aprisionava os judeus à regras que o tornavam um gueto e excluíam a grande maioria que não se enquadravam nessas regras, Jesus Cristo servias a todas/os, envolvia-se com o sofrimento dos/as doentes, dos/as tidos como “pecadores/as”, dos/as socialmente excluídos. Jesus acolhia os/as marginalizado/as, fossem eles homens, mulheres ou crianças.

Antes da sua morte, Jesus, já amado por muitos, ao cear com os seus discípulos, anunciou que estava prestes a morrer. Diante de certa incapacidade dos presentes em compreender a situação como um todo, Ele deixa uma ordem: “todas as vezes que comemorarem a Páscoa, lembrem-se que eu dei o meu corpo e o meu sangue pela causa de vocês. Eu é que entrego, ninguém me tira. Eu entrego a minha vida porque conheci as suas valorosas histórias, sofri as suas dores, curei as suas feridas e perdoei os seus pecados. Façam isso também, em memória de mim.”

Esse ordenamento de Jesus nos chama a pensar: estamos conhecendo as histórias dos/das que sofrem? Estamos sofrendo junto com eles/elas as mesmas dores? Temos curado feridas e perdoado pecados?

Jesus morreu no dia em que concordamos em chamar de sexta-feira da paixão. Este foi o dia da Paixão de Cristo, o dia em que Seu corpo foi torturado, tendo sofrido todo tipo de mau trato. A Sua morte deveria significar para a população: não façam como este homem. Sigam as regras judaicas, excluam, marginalizem, deixem morrer. E, no sábado, essa era a lição aprendida: ninguém pode afrontar as regras determinadas pelo sistema dominante.

Mas eis que o corpo torturado de Jesus ressuscita no domingo e nos traz uma nova mensagem: Deus viu que a morte de Jesus foi injusta e o retornou à vida. Ainda que o sistema esmague o corpo de quem o contraria, Deus o/a ressuscita! Deus é com ele/ela e dignifica esta vida.

Portanto, a liberdade que Jesus nos traz, 12 séculos depois da libertação do Egito, não é a liberdade dos corpos, mas a liberdade de ação. Ação em favor de quem sofre! A liberdade de denunciar a opressão que provoca morte e a liberdade de buscar vida para os oprimidos. E vida em abundância. Em Jesus, somos livres para servir os/as que estão à margem; não estamos condenados/as a viver sob o domínio das regras que excluem e marginalizam.

Que nesta Páscoa a comemoração possa ser sobre essa lição: Jesus ressuscitou! Ele venceu o sistema que tentou calá-lo, o oprimiu e depois o matou. E eis que, rememorando a sua vida e ressureição, resgatamos o seu projeto de libertação. Que possamos ser profundamente agradecidos/as porque Ele entregou a sua vida por nós.

Daniela Leão Siqueira
17/04/2019

Um comentário:

  1. Texto lindo! Em Cristo todas as amarras são desfeitas. Liberdade e amor tornam-se suas leis primordiais. Cristo quer ver-nos crédulos por fé na sua libertação que gera vida abundante.

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